À distância, ela nutriu a esperança de que ele se tornara uma pessoa melhor, durante o tempo em que ficaram separados. Horas antes do encontro, no cinema, perdeu a seqüência do filme, relembrando cenas de sua história. Juntou o que pôde do amor que sentiu por tantos anos, agora esparramado pelos cantos da lembrança. Apegou-se à imagem que um dia fez dele, tratando de esquecer, por alguns segundos, que era apenas uma ilusão. Encheu-se assim de coragem para o reencontro.
Com poucas palavras, viu que o homem de sua vida não passava de um menino angustiado, perdido, bobo, sem capacidade de fazê-la feliz. As lágrimas escorreram pesadas, frustradas, carregadas de decepção. No fim, apenas o olhar seco, incapaz de admirá-lo. Ela disse um vago “que pena”, mas silenciosamente constatou que o sentimento de pena havia tomado o lugar da paixão.
Deu-lhe um beijo, já sem amor ou qualquer outro sentimento que o justificasse. Na busca, apenas, de um fim mais digno para a sua história, pois o merecia. Levantou-se, ainda abalada, deu meia volta e, na mesma velocidade, virou mais uma página de sua vida.
Um comentário:
Triste, mas intrigante.
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