segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Sinta de longe o compasso


(Trilha sonora: http://youtu.be/0VyBesfiTDg)


Envio-lhe essa valsa, embrulhada para presente
Com doçura de acordeão
E cara de chanson française

Embrulho com cuidado, pra que tenha dó
E não desfaça o laço
Sinta só, sinta de longe o compasso
E que o instrumento diga tudo que quero dizer

E quando cansar, pendure na cabeceira da cama
Será seu companheiro nas noites turbulentas
Frias, quando não puder lhe acompanhar

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Fim da análise


Demorei pra entender que minha maior frustração não é sobre o pedido de perdão que nunca veio. É, depois de tudo, eu não ter conseguido me perdoar.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Falta


Hoje acordei sentindo falta de paciência, do gosto de ir e vir, dividir, pertencer
Os buracos doeram mais do que o normal
As conquistas passaram o dia opacas
Pensei em quando nem se cabia pensar em perder alguém
Quando a distância me fazia acelerar um pouco mais
E se divertir não custava nada
No tempo da confiança, da segurança, da certeza do meu lugar
Não sei quanto esse tempo durou...
Nem se é um bando de retalhos que a nostalgia caprichosamente costurou
Mas acordei sentindo saudades de mim

segunda-feira, 9 de março de 2009

Era uma vez...

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Na vastidão dos sonhos perdidos, de amores mal vividos, de crueldades desenfreadas por palavras descomedidas. No meio de tantos encontros e desencantos, ele a encontrou e conseguiu convencê-la de que seu sorriso merecia durar mais que alguns minutos. E ela redescobriu o que era sorrir.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Precursor da dança do quadrado

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Poucas coisas acontecem no meu dia-a-dia que valem a pena ser compartilhadas. Mas ontem estava lendo um livro do Foucault e fiz uma descoberta que deve abalar o mundo acadêmico: ele é o precursor da dança do quadrado. Antes de escrever minha resenha, divulgo a notícia no blog em primeira mão.

"Princípio do quadriculamento: cada indivíduo no seu lugar; e em cada lugar , um indivíduo".

(Para quem acha que é tudo tapeação, olhe o topo da página 123 do Vigiar e Punir de Michel Foucault)




quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Ilustração para o texto embriaguez

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Desenho e finalização digital
(Marina Bueno, 15 de janeiro 2009)X
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Vou repetir o texto já publicado há alguns meses:

Assim que pisou em seu apartamento ela hesitou e se perguntou baixinho “o que estou fazendo aqui?”. Ele, com um cinismo cativante, convenceu-a de que não precisava saber. Ele estava certo, não havia nenhum outro lugar em que quisesse estar.

Ela já havia deixado claro, antecipadamente, quais eram suas intenções. Foi preciso um pouco de vinho para que esquecesse as promessas que havia feito a si mesma. Ele reforçou que não estava falando de sexo, mas não conseguia tirar o olho do seu decote.

Tudo o que acontecera, antes daquele momento, parecia uma conspiração indecifrável. As decepções que os levaram até ali frutos de um golpe de sorte. Esqueceram a dor e tudo fez sentido novamente.

Quanto mais falavam, maior a certeza de que poderiam ser felizes juntos, para sempre. Ele perguntou “você acredita mesmo nisso?”. Nem seu racionalismo extremado podia fazê-la dizer não. Naquela noite, ele a fez perder a razão.

Slow dancing in a burning room

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Desenho e finalização digital
(Marina Bueno, 14 janeiro 2009)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Le cinéma

"Le cinéma, disait André Bazin, substitue à notre regard un monde qui s'accorde à nos désirs"