Hoje acordei sentindo falta de paciência, do gosto de ir e vir, dividir, pertencer Os buracos doeram mais do que o normal As conquistas passaram o dia opacas Pensei em quando nem se cabia pensar em perder alguém Quando a distância me fazia acelerar um pouco mais E se divertir não custava nada No tempo da confiança, da segurança, da certeza do meu lugar Não sei quanto esse tempo durou... Nem se é um bando de retalhos que a nostalgia caprichosamente costurou Mas acordei sentindo saudades de mim
Na vastidão dos sonhos perdidos, de amores mal vividos, de crueldades desenfreadas por palavras descomedidas. No meio de tantos encontros e desencantos, ele a encontrou e conseguiu convencê-la de que seu sorriso merecia durar mais que alguns minutos. E ela redescobriu o que era sorrir.
Poucas coisas acontecem no meu dia-a-dia que valem a pena ser compartilhadas. Mas ontem estava lendo um livro do Foucault e fiz uma descoberta que deve abalar o mundo acadêmico: ele é o precursor da dança do quadrado. Antes de escrever minha resenha, divulgo a notícia no blog em primeira mão.
"Princípio do quadriculamento: cada indivíduo no seu lugar; e em cada lugar , um indivíduo".
(Para quem acha que é tudo tapeação, olhe o topo da página 123 do Vigiar e Punir de MichelFoucault)
Desenho e finalização digital (Marina Bueno, 15 de janeiro 2009)X X X Vou repetir o texto já publicado há alguns meses:
Assim que pisou em seu apartamento ela hesitou e se perguntou baixinho “o que estou fazendo aqui?”. Ele, com um cinismo cativante, convenceu-a de que não precisava saber. Ele estava certo, não havia nenhum outro lugar em que quisesse estar.
Ela já havia deixado claro, antecipadamente, quais eram suas intenções. Foi preciso um pouco de vinho para que esquecesse as promessas que havia feito a si mesma. Ele reforçou que não estava falando de sexo, mas não conseguia tirar o olho do seu decote.
Tudo o que acontecera, antes daquele momento, parecia uma conspiração indecifrável. As decepções que os levaram até ali frutos de um golpe de sorte. Esqueceram a dor e tudo fez sentido novamente.
Quanto mais falavam, maior a certeza de que poderiam ser felizes juntos, para sempre. Ele perguntou “você acredita mesmo nisso?”. Nem seu racionalismo extremado podia fazê-la dizer não. Naquela noite, ele a fez perder a razão.