domingo, 7 de julho de 2013

O segredo de The good wife


Diante da entre-safra das séries americanas e da escassez de coisas novas boas na TV, vi que esse ano teria que improvisar. Lembrei então que não peguei a série The good wife desde o início e arrisquei começar uma maratona com a primeira temporada.
Para o meu choque, muito mais que um passa-tempo, assistir o começo dessa história foi como ter uma aula de televisão. Totalmente alucinada com a qualidade, fui procurar um pouco da repercussão dela nos EUA e vi uma entrevista com os criadores, onde eles especulavam sobre o sucesso da série   dizendo: "a CBS está nos deixando explorar todas as áreas cinzas". Realmente concordo com a interpretação deles.
Não é fácil encontrar uma série ou até mesmo um filme que se permita explorar com profundidade as ambiguidades da vida. Nada mais ambíguo do que escolher a perspectiva da esposa do político que se envolveu em um escândalo sexual com prostitutas, que se vê obrigada a retomar a carreira de advogada largada para ser dona de casa e entra em um escritório para disputar a vaga de junior associate em tempos de crise.
Além da brilhante escolha de tema, mais impressionante é a forma com que os autores desenvolvem os conflitos. O primeiro é evidente. Ela escolhe passar essa crise ao lado do marido. Sem melodramas, com brevíssimas brigas e quase nenhuma lágrima sobre o escândalo em si, você acompanha a vida da "heroína" nessa nova rotina. É tão natural o desenvolvimento disso que às vezes você se pergunta: o que ela está pensando, o que ela sente? E nas sutilezas entre um capítulo e outro começamos a entender.
No meio de todo esse enrosco, tem o dia-a-dia do direito, com os dilemas naturais que devem aparecer. E saindo do centro da trama a coisa fica ainda mais interessante. Todas as personagens são complexas, coerentes porém pouco previsíveis, de fato humanas. Como era de se esperar os advogados são ao mesmo tempo admiráveis e repulsivos, mas a abordagem sobre isso é na maior parte das vezes interessante.
Por último, achei uma interessante entrevista com a Julianna Margulies, que interpreta Alicia, a boa esposa, e fiquei impressionada com sua declaração de que era praticamente empatado o número de pessoas que apoiavam a decisão da personagem e o número que repudiava. Isso me faz pensar sobre a sociedade americana e o fenômeno Hillary Clinton. Mas isso já e outro post.

domingo, 23 de junho de 2013

Uma história qualquer: Take this Waltz (spoiler)

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Agora entendo o equilíbrio entre o número de comentários super entusiasmados e os decepcionados sobre o filme Take this Waltz. Quero começar dizendo que vale o aluguel em uma tarde fria de domingo. Algumas cenas são memoráveis,  do roteiro à interpretação. Mas o último terço do filme foi puro desapontamento. Talvez a culpa tenha sido da minha imaginação, que viu a história indo para um caminho muito interessante e inusitado, mas encontrou um fim um pouco moralista para o meu gosto. Na parte que eu elegi digna de entusiasmo, Michelle Williams é uma mulher casada que se apaixona por seu vizinho e cria uma relação que fica no limiar do certo e errado, uma contingência já    que não consegue tirar nem propriamente encaixar esse homem na sua vida. Essa construção é  credível e emocionante. A seqüência quebra esse encanto, de forma bem humorada é verdade, mas parece mais uma correria para provar que todo o amor fica velho e que as histórias que nos cativam são frutos do reflexo humano de preencher o vazio e que só lunáticos não  percebem isso. Talvez eu seja meio lunática.

domingo, 14 de outubro de 2012

Uma reflexão sobre a traição


Ontem vi o filme Last Night - vou manter o título em inglês porque, como muitas vezes acontece, o título em português destrói a essência do que o filme quer passar.

Para começar, o filme conta com um bom elenco (em especial, Keira Knightley), capaz de executar com paciência e, por consequência, chegar à naturalidade que um filme desses exige. Minha sensação é que o resultado tenha sido exatamente o que o diretor esperava. Pelo menos, com o passar das cenas e até a última, ele foi se construindo como eu esperava.

O maior mérito do diretor é ter conseguido fugir dos estereótipos em um tema tão banalizado. Conseguiu dar sentido para o conflito das personagens e causar identificação em qualquer pessoa que tenha a fidelidade como um valor.

Concordando ou não com as decisões tomadas, é impossível não se colocar na pele de cada um deles e sentir o dilema. Recordar-se de algum dilema pessoal. Aproveitar uma ou outra frase para dar mais sentido a uma história do passado.

É um filme que acima de tudo trata de sentimentos.

domingo, 13 de maio de 2012

Crise


Às vezes fico me perguntando se a crise aparece por conta de coisas que de fato aconteceram ou pelo espaço vazio, que surge de tempos em tempos, que não conseguimos preencher.
Será que com o tempo aprendemos esses ciclos da vida e conseguimos atravessar sem tanto incômodo? Ou o erro é justamente esperar que a maturidade torna a vida mais fácil quando ela é o que é e nós somos o que somos?

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Desafios


Eu quero inovar
 
Especialmente nos meu erros
Recomeçar quando for preciso
Sofrer menos com o que não posso mudar
Dar menos crédito para quem não merece
Valorizar o que tenho
Correr atrás do que quero
Superar o que já passou


quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

momento da virada, de página

*****Chega essa época do ano e dá uma vontade de falar do fundo da alma, não?
Ouvi dizer que damos tanto valor ao ano novo porque nossa cabeça precisa de momentos de fechamentos e recomeços. Ainda que obviamente simbólicos, eles servem como uma justificativa lógica para pararmos, olharmos para trás e esperar que os próximos 12 meses sejam completamente diferentes. E que, sem essa parada técnica, provavelmente não sobreviveríamos.
Bom, mito ou verdade, vou aproveitar esse momento virada para falar dos aprendizados desse ano:

Percebi que me importo mais com a opinião dos outros do que pensava
E que nem todo mundo vai gostar de você
(e tudo bem, porque você também pode não gostar de todo mundo)
Que a loucura sempre vai mais longe e o buraco pode sempre ser mais embaixo
E que sei bem pouco sobre minhas reais ambições

Vi que entre o branco e preto existem infinitos tons de cinza (só conhecias uns 3 ou 9)
E ao lado deles existe o fluo, o nude e o off-white, claro

Aprendi que saúde é tudo e muito mais,
E que viver sentindo um pouco de falta é saudável
E se a dor for de saudades, dá para aguentar

Vivenciei a felicidade e, para minha surpresa, ela é bem mais simples do que parece
E me dei conta de que ainda espero um dia mudar o mundo (achei que tinha passado)
Tomara que em 2011 eu descubra que isso também é mais simples do que parece

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Nanny 911

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"A autoridade que forma o caráter de um jovem não é só a que diz não às suas vontades; é também a que o autoriza a dizer sim na hora daquelas escolhas de vida que são custosas e decisivas e diante das quais é fácil amarelar. Formar o caráter de um jovem não significa apenas colocar limites, mas, sobretudo, autorizar." Contardo Calligaris

E já que o tema é educação, nada mais apropriado que esse episódio do South Park:
http://www.southparkstudios.com/full-episodes/s10e07-tsst